Certa vez, eu vi uma postagem de uma livraria nas redes sociais perguntando se você é uma pessoa que empresta livros. As respostas foram quase unânimes: não empresto de jeito nenhum. Eu estava prestes a concordar, pois eu mesma já emprestei livros que nunca voltaram pra mim, mas então me deparei com um comentário que me fez pensar e avaliar toda a minha posição em relação à emprestar livros. Nesse comentário, a pessoa disse que empresta sim, se não devolverem paciência, livro é um objeto cujo propósito é ser lido, se você já leu, para que ficar segurando e impedindo outras pessoas de lê-lo?
O comentário mexeu comigo. Parei para pensar e olhar ao meu redor. Na época eu estava fazendo uma faxina daquelas que você analisa se a peça deve ficar ou ser doada e me deparei com um monte de livros antigos, livros que foram da minha mãe, do meu pai e da minha irmã em suas infâncias e adolescência, livros de 1970, que estavam enfiados em um canto esquecido do guarda-roupa, pegando traça, amarelando, livros que poderiam ter sido doados e lidos por mais de uma pessoa, que poderiam ter ajudado mais alguém a fazer um trabalho de escola, a se apaixonar pela leitura, mas que estavam aqui entulhando o guarda-roupa, tomando um espaço que poderia ter sido melhor utilizado durante tantos anos. Livros que deixaram de servir seu propósito para ser algo que estava estorvando.
Eu decidi ler esses livros e depois doar para a biblioteca ou para um sebo, mas não pensava em fazer isso com os livros novos, que eu havia adquirido para mim mesma recentemente, inclusive, ficava toda hora pensando naqueles livros que eu emprestei e nunca mais os vi. Eu até montei uns nichos numa parede para colocar os livros novos, como se eles fossem enfeites, mas depois do comentário, percebi uma coisa: embora tenham livros que eu quero ler de novo, tem outros ali que eu não vou mais ler, que eu não gostei tanto assim, então porque eu vou guardar isso??
Existe um episódio de Seinfeld que eu sempre dou risada porque ele tem muita razão. George diz que deixou uns livros na casa da ex-namorada e Jerry pergunta: "mas você já os leu?" e George responde que sim. Jerry então pergunta o porquê de George os querer de volta e ele responde "porque são livros". Jerry então diz que não entende essa obssessão que as pessoas tem por livros, se você já leu, pronto, ler Moby Dick pela segunda vez não faz com que Abraham e a baleia se tornem melhores amigos. E não é verdade?
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Eu já li o mesmo livro mais de uma vez, mas com que frequência? Duas vez em uns dois anos? Enquanto isso o livro ficou lá parado na estante, e eu tive que ficar tendo trabalho de tirar pó e limpar. Depois que eu conheci as trocas no Skoob, foi quando eu pensei que talvez seja melhor ler, trocar o livro com alguém e ler algo novo, tem tantos livros na minha lista de leitura que vai demorar pra eu ler de novo um livro já lido. Pensei então em fazer o seguinte: um livro que amei eu dôo para a biblioteca e sempre que eu tiver vontade de lê-lo novamente, eu empresto da biblioteca, assim, enquanto eu estiver lendo outras coisas, mais pessoas terão a chance se apaixonar por aquela leitura. Para quê ser egoísta e ficar deixando o livro pegando pó na estante?
Uma coisa que eu concordo sobre emprestar o livro e a pessoa não devolver ou devolver estragado é a raiva da cara de pau dessa pessoa. Poxa, você pega algo que não é seu e deixa estragar? Ou então rouba o livro? Isso é falta de caráter, falta de vergonha na cara. Ganhar dinheiro não é fácil, ficamos presos no trabalho o dia todo e usamos aquele dinheiro suado para comprar algo que nos diverte, que nós temos carinho e aí vem alguém e te sacaneia? Realmente é irritante. A verdade é que eu não fico irritada por não ter tido aqueles meus dois livros de volta, eu fico irritada com a folga da pessoa que pegou, sabendo que eram dois livros que eu gostava muito, e a pessoa simplesmente finge que não é com ela? Sinto que é meio que me fazer de trouxa e é isso que dá raiva, mas ficar segurando o livro e o impedindo de cumprir seu propósito também não é legal, o melhor é saber para quem emprestar, ou simplesmente praticar a troca.
Eu estou adorando trocar livros no Skoob. Fiquei muito orgulhosa de mim mesma porque eu troquei até livro que eu amei! Eu pensei bem e achei que valia mais a pena trocar aquele livro por um novo, assim eu leria um livro que eu estava com muita vontade de ler e a outra pessoa teria a chance de gostar daquela leitura também e nós poderíamos falar sobre ela. Quanto tempo iria levar para eu lê-lo novamente? Por exemplo, eu amei Edenbrooke, é um dos meus livros favoritos de todos os tempos e eu guardei porque com certeza o lerei novamente, mas, eu o li em janeiro de 2019 e até agora não deu para ler novamente, primeiro porque eu tenho um monte de livros novos na lista e segundo porque a leitura ainda está fresca na minha cabeça, nesse meio tempo, quantas pessoas poderiam tê-lo lido? Trocar o livro também é bom pra economizar, você paga pouquinho pelo frete para enviar para a pessoa, menos de dez reais, e recebe outro em troca, quando você iria pagar uns trinta, quarenta reais para comprar aquele livro na livraria. Resumindo, trocar livros é tudo de bom: você economiza, pratica o desapego e ainda ajuda a disseminar a leitura! Se você quiser saber mais sobre as trocas no Skoob, dá uma olhadinha nesse post: Trocas no Skoob: Como funciona? Vale a pena?.
Concluindo, eu passei a acreditar que livro não é enfeite para ser exibido numa estante como troféu, e sim para ser lido. Se não nos sentimos confortáveis em emprestar, porque não trocar com alguém? Assim pelo menos não saímos no prejuízo! Ou então, porque não pedir de volta se você vê que a pessoa está demorando demais para devolver?
E você, empresta seus livros numa boa? Deixe nos comentários a sua opinião!
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